sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Faltam dois dias

Faltam dois dias para o fim da Olimpíada e o Brasil ainda está entre o ceu e o inferno. O ceu de alcançar ou superar os cinco ouros e concretizar a melhor participação na história dos Jogos ou o inferno de terminar com apenas dois ouros e fazer a pior campanha dos últimos doze anos.

A manchete que vai ficar para sempre na história de Londres 2012. É isso que, infelizmente, vai valer para posteridade.

E não devia ser assim.

Quase 90% dos ouros já foram entregues, quase todos os esportes já foram definidos, já se foram 14 dos 16 dias de Olimpíadas. Ou seja, já deu para ver a quantas anda o esporte brasileiro.

O esporte brasileiro não será melhor ou pior caso Esquiva derrote o japonês, caso o Brasil leve os dois ouros no vôlei ou caso o futebol masculino finalmente desencante.

O esporte brasileiro é isso que vimos em todos esses dias. São nove ou dez modalidades brigando pela medalha, o resto fazendo figuração e brigando no máximo para chegar à finais. Não que seja ruim brigar "apenas" por finais, mas essa ainda é nossa realidade na maioria dos esportes.

É injusto você avaliar uma participação na Olimpíada em função dos ouros. Um pouco menos injusto, e já mais democrático, é avaliar a participação pelo total de medalhas. E,nesse quesito, o Brasil já bateu o recorde histórico, com 16 no total.

Basta um gol do Neymar, um nocaute de Esquiva e o vôlei manter essa tradição de ser o melhor do mundo para que o esporte brasileiro vire uma potência? Não, não é assim...

Mas, caso tudo isso aconteça, o Brasil chegará a seis ouros e ficará entre os 15 melhores do mundo.

Também não será uma Olimpíada desastrosa caso o japonês confirme o favoritismo contra o Esquiva, os vôleis percam suas finais e fiquem com duas pratas, o que já é muito mais do que o esperado antes da Olimpíada, e se o Brasil mantenha a tradição de não ser campeão no futebol.

As medalhas são importantes, mas são relativas.

É legal ganhar medalha. Claro que é. Mas é importante olhar para o esporte no geral e não só nesse tal numerinho do quadro.

O que dá para tirar dessa Olimpíada é que o esporte brasileiro cresceu. Não muito, mas cresceu. Não o suficiente para chegar bem aos Jogos no qual será sede, mas cresceu.

O número de medalhas com relação a Pequim cresceu. O número de finais está igualado em 38, podendo aumentar dependendo dos resultados de amanhã e domingo.

Mas, para mídia, a distância da gloria à derrota está nisso. Nessas quatro finais que o Brasil  vai disputar nas próximas 40 horas.

Essas quatro vitórias separam do "Brasil se prepara bem para sua Olimpíada em casa" do "Brasil amarela e fica atrás de Coreia do Norte,Etiopia e Quenia".

Não era para ser assim.

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6 comentários:

  1. Concordo plenamente!
    Parabéns pelo blog !

    Gi do Prado

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  2. visão perfeita da situação.
    Infelizmente a maioria das pessoas são levadas a ver o ponto de vista da imprensa e não dos expecialistas em esportes.

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  3. Etiopia, Jamaica, e Quenia soh sabem correr, Coreia nem sei o q faz. O Brasil tem OBRIGACAO de ficar na frente deles no quadro de medalhas se nao temos q falar mal mesmo pq eh humilhante.

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  4. Infelizmente o Bernardinho entregou o jogo para a Russia no 4º set ao colocar o Giba (sem condiçoes).

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  5. Gostaria de me posicionar em relação a sua opiniao...
    Penso que o maior legado de uma olimpiada ao pais é a mudança cultural favoravel a uma valorização das praticas esportivas, motivando nossos jovens a fazerem algo diferente do que apenas chutar uma bola na pelada ou ficar passando o tempo nas imediações de bares ou igrejas... Discordo que o esporte tenha avançado nesses jogos, as medalhas sairam das mesmas modalidades de sempre com exceçao do boxe e do atletismo que deu um tempo em Londres, quem sabe em 2016 algum talento individual apareça, o panorama é tragico, nao temos politica de esportes agressivas de medio e longo prazo... que pais é esse!!! Milhoes em infra-estrutura pra ingles ver... e o povo continua na miseria moral e material...

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