domingo, 10 de julho de 2011

Isso não acontece só com o Brasil

Como todos sabem, o Brasil perdeu para os EUA no futebol feminino depois de levar um gol no último minuto da prorrogação. Horas depois, o Brasil perdeu no tie breake para Rússia e ficou com o vice na Liga Mundial de vôlei.

Aí,claro, vieram os comentários: Essas coisas só acontecem com o Brasil, nunca vi um outro time acontecer isso e bla bla bla.

O que aconteceu hoje é do esporte. Brasil perdeu para a atual campeã olímpica nos penaltis, depois de levar um gol na prorrogação no último segundo. Isso não acontece só com o Brasil. Não é só o Brasil que se dá mal nos esportes. Pior fez a Alemanha. Perdeu na Copa do Mundo, em casa, para o Japão e ainda por cima ficou de fora dos Jogos Olímpicos. Isso mesmo, as toda-poderosas alemãs estão fora de Londres 2012.

Me irrita muito esse negócio de coisas que só acontecem com o Brasil. Esse tipo de coisa acontece com todos os países.

Muito falaram quando deu todo aquele problema com a Fabiana Murer em Pequim que esse tipo de coisa só acontece com o Brasil. Porém, poucos lembram que a sorte veio para nosso lado quando Maurren saltou um centímetro a mais que a russa e foi ouro na mesma Olimpíada. UM CENTÍMETRO. Maurren foi perfeita, o ouro foi incrível e a medalha veio no detalhe, com uma pitadinha de sorte. Vale lembrar que na mesma prova, a portuguesa Naide Gomes, favorita ao ouro, queimou três saltos nas eliminatórias. Quando a Maurren é ouro com um centímetro de vantagem "esse tipo de coisa não acontece com o Brasil".

Vamos falar agora do vôlei. Depois da prata em Pequim vi muita gente falando que o time masculino é deprimente pois não ganhou quando valia. Ganhou todas Ligas Mundiais, Copas do Mundo e Campeonatos Mundiais mas não foram campeões olímpicos em Pequim. Mas, a mesma geração foi ouro quatro anos antes.

Outros grandes times da história dos esportes olímpicos nunca foram campeões em Olimpíadas. A Itália dos anos 90, tricampeã mundial de vôlei e 9 vezes campeã da Liga Mundial falhou em todas as Olimpíadas na hora do ouro. Em três edições como favorita, ficou sem a medalha de ouro.
No handebol, a equipe da Suécia foi três vezes seguidas medalha de prata em Jogos Olímpicos.

Fica a lição também para o time feminino de futebol do Brasil que é uma grande seleção, mas ainda falta um ouro.

Na Olimpíada de Pequim, Julio Almeida ficou a um tiro da vaga na final olímpica. Vi muita gente falando que o brasileiro amarelou porque falhou na última série de tiro e tal. Para muitos, isso só acontece com os brasileiros.

Mas, no tiro, vale lembrar que em 2004 um norte-americano. Isso mesmo, um norte-americano, o país que todo mundo acha que os atletas são perfeitos, que não tem problemas, que o psicológico não influi. Um norte-americano, quando ia ganhar o ouro, no último disparo mirou no alvo do companheiro ao lado, zerou a prova e ficou em último.

Todos lembram do Brasil perdendo da Rússia na Olimpíada de 2004, perdendo a semifinal depois de estar vencendo 24 a 19. Mas poucos lembram que na Olimpíada de 2008, a dupla Ricardo e Emanuel salvou cinco matches points contra uma dupla japonesa nas quartas-de-final. Isso mesmo, três matches points seguidos. A partida estava 20 a 17 para os russo e os brasileiros viraram!

Enfim, são inúmeros os casos de burradas que quando acontecem com brasileiros, a frase é pronta: "Isso só acontece com o Brasil". Mas acontecem com os outros países tanto quanto acontecem com o Brasil!

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8 comentários:

  1. Brasileiro, especialmente o que não acompanha esporte regularmente, tem essa mania triste de ficar cornetando a cada derrota ou mau resultado. Já me acostumei. Hoje foi daqueles dias em que deu tudo errado, mas dias melhores virão pro esporte brasileiro.

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  2. Ótimo texto. Concordo plenamente.

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  3. Ótimo texto! Só não concordo com uma coisa! Não são burradas que fazem esses "casos" acontecerem... Muitas vezes pessoas que não praticam esportes têm esta "mania" de falar que o atleta foi "burro", por nao mudar o seu jogo ou até mesmo por não aguentar a pressão e descartam totalmente o mérito do adversário e também falhas. "burradas" só acontecem com quem está dentro de uma quadra, campo, ringue ou seja lá o que for, pois antes de acontecer o atleta está ali para representar o país e "dar a cara a tapas".

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  4. é verdade, concordo com o texto, os corneteiros estão sempre de plantão, principalmente os que não acompanham o esporte diariamente, ô povinho chato

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  5. Perfeito comentário. É irritante no momento de grandes decisões, ouvir comentários de pessoas que não acompanham o dia a dia do esporte, inventando mil histórias para justificar as derrotas. É raro alguém falar " o Adversário era do mesmo nível e hoje jogou melhor". Pior ainda é a cultura do futebol, que desvaloriza pratas,bronzes e boas colocações. A seleção feminina de futebol foi para o mundial discursando " desta vez só o ouro interessa". Está errado. O discurso tinha que ser " vamos lutar para permanecer entre os 4 melhores "

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  6. A Liga Mundial de Vôlei prefiro nem comentar:

    Primeiro pq não asssito e segundo pq é um
    torneio "caça-níquel".

    Como é realizada todos os anos, caso a seleção
    não vença num ano, pode retomar o título no ano
    seguinte.

    Mas vamos ao futebol feminino:

    Primeiramente um rápido comentário sobre o que
    disse o comentarista (um ex-jogador do
    Corinthians) da rede de televisão ABERTA que
    está transmitindo a Copa do Mundo da Alemanha,
    após a última partida do Brasil na 1ª fase:

    "Luciano, dos adversários que o Brasil poderia
    enfrentar, o melhor é os EUA... eu prefiro os
    EUA !"

    Pois o comentarista demonstrou total
    desconhecimento da matéria, pois dos possíveis
    adversários do Brasil nas quartas de final, os
    EUA é, o de maior tradição no futebol
    feminino:

    Tem em seu currículo 3 títulos olímpicos -
    sendo o atual bi-campeão olímpico - e 2 títulos
    mundiais ( 1991 e 1999 ).

    Quanto ao que tenho lido e ouvido desde ontem -
    de que mais uma vez a seleção feminina "não de
    sorte" ou que mais uma vez, "foi nos
    detalhes", discordo totalmente !

    Os EUA passaram à semi-final por 3 motivos
    (não necessariamente nessa ordem ):

    1 ) Camisa ( TRADIÇÃO ):

    Os EUA têm no seu "cartel" 3 títulos
    olímpicos (sendo o atual bi-campeão) e 2
    títulos mundiais.

    2 ) Preparo físico:

    A seleção americana está muito bem
    preparada fisicamente, ao passo que o
    Brasil, está mal preparado.
    A impresssão que passava no final da
    partida, assim como na prorrogação, é de
    que as americanas é que estavam com 11
    jogadoras em campo... e não o Brasil.

    3 ) Raça e "PEGADA":

    Eu me refiro ao: "chegar junto", "dividir
    TODAS as bolas", "não desistir nunca".

    Via-se nitidamente quando as jogadoras
    americanas eram substituidas no final da
    partida, que - cada jogadora que saia -
    cerrava os braços com uma gana incrível, a-
    creditando na vitória... mesmo que
    inferiorizadas numéricamente.

    Assim como as que continuaram em campo,
    partiam para cima do Brasil, demonstrando
    inconformidade com a derrota... mesmo com
    a situação totalmente adversa.

    Particularmente - para mim - esse o
    principal motivo da classificação yankee !

    Pois se o Brasil têm a melhor jogadora do
    planeta, assim como as jogadoras brasi-
    leiras são as melhores do mundo no
    quesito, técnica e habilidade, nos falta -
    E MUITO - para chegar a um título de
    grande porte, essa virtude que as
    americanas têm de sobra !

    Enquanto o futebol feminino brasileiro não
    incorporar essa qualidade à índole das
    suas jogadoras, vai continuar batendo na
    trave - como bateu nas duas últimas Olim-
    píadas e na última Copa do Mundo - ou nem
    na trave... como aconteceu na Copa do
    Mundo da Alemanha !


    BR

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  7. Valeu os comentários meus amigos! Acho que raça não faltou ao Brasil, faltou técnica, claro, e faltou preparação. Brasil jogou dois amistosos só o ano inteiro.

    Quanto as burradas, desculpa o termo. Foi um pouco forte mesmo, mas quis dizer um "erro" e não uma burrada.
    Concordo com você Marcelo, o Kleiton foi realmente muito mal.

    Por fim BR, não acho a Liga Mundial caça níquel. A libertadores tem todo ano e não é caça níquei.

    Abraços a todos!

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  8. Se não faltou raça ou se a preperação física
    estava boa como vc explica o "calor"
    que as americanas deram no Brasil mesmo
    inferiorizadas numéricamente ??

    Quanto ao treinador errou sim mas acho que os
    erros não foram fundamentais para a derrota.

    Quanto a Liga Mundial ser um torneio
    caça-níquel ou não, leia sobre a origem do
    torneio e vc vai descobrir que foi criada para
    atender aos patrocinadores da FIVB, que
    andavam descontentes e queriam uma competição
    que preenchesse o calendário, ou seja, que suas
    marcas não ficassem no ostracismo no restante
    da temporada.

    Ora, um torneio criado para atender a
    iniciativa privada é ou não um torneio
    caça-níquel ??

    Agora... se é bom ou se vc gosta... aí já é
    outra história !


    Abç, BR !

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