quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Entrevista- Michael Cunningham- Pentatlo Moderno


Pouco antes do reveillon, consegui uma entrevista por e-mail com um dos principais atletas do pentatlo moderno nacional, Michael Cunningham.
Muito atencioso, ele respondeu 10 perguntas que fiz sobre o atual momento do pentatlo moderno nacional, sobre sua carreira, sobre as novas regras e até mesmo sobre a decepção de ter ficado fora dos Jogos Pan-americanos do Rio.

Seus principais títulos são o Bi campeao sulamericano junior2005,2006; campeao sulamericano por equipes 2007 2008; Tri campeao brasileiro junior 2004,2005 e 2006; campeao absoluto Copa São Paulo2005; duas vezes vice campeao brasileiro absoluto; além de convocaçoes para mundiais, panamericanos.

Ele se disse preocupado com o futuro do esporte, apesar do título sul-americanos por equipes ano passado: "Equanto os outros crescem creio que o Brasil deu uma parada, conseguiu ter uma atleta campea Pan americana, mas ao mesmo tempo deixou de ser campeao sul americano junior feminino e musculino, inclusive no masculino sem representantes".

Quanto a comparação com os europeus, ele fala que humanamente o Brasil não deixa nada a desejar, o problema está na estrutura: " Humanamente falando não temos nada de inferior a eles, o que temos de inferior é a estrutura. No Brasil a Yane conseguiu atualmente apenas treina, enquanto Wagner Romão, Daniel tem que trabalhar o dia todo e nas horas vagas treinar Pentatlo Moderno".

Pernambuco é o centro do esporte do país, com muitos atletas, como Yane Marques, Wagner Romão, Nilton Rolim e o próprio Michael vindo de lá. Ele explicou o motivo de tamanho sucesso: "O diferencial de Pernambuco foi que a nossa federação foi muito bem estruturada e organizada na sua criação(...) Com uma federação que funciona, atletas e técnicos engajados, não tem dar errado".

Na entrevista, o quarto colocado do ranking nacional atualmente com 4740 pontos, ainda contou da tristeza de ficar fora dos Jogos Pan-americanos do Rio: "No ano anterior, 2006, estava muito bem no raking, mas talvez por falta de experiência tanto pessoal como no esporte, e por problemas de falta de apoio financeiro na epoca,fui deixando escapar, caindo de posiçao no raking".

Abaixo, a entrevista na íntegra
Guilherme Costa: Você esteve no sul-americano de 2008 em que o Brasil se sagrou campeão por equipes. Como você vê o atual momento do pentatlo moderno brasileiro com relação aos rivais sul-americanos e pan-americanos?
Michael Cunningham O Brasil sempre foi a força do Pentatlo Moderno na América do Sul, juntamento com nossos maiores rivais ( chile e argentina). Na América, as maiores forças são México e Estados Unidos. Nossos rivais na América do Sul especificamente Argentina, tem investido bastante na renovação, outros países que não tem bastante tradiçao tem aumentado bastante o numero de representantes como o Equador, Venezuela. Na America Central e do norte temos a Guatemala e Mexico que também investem bastante na base para o crescimento e eles tem atingido um grande êxito com estas ações. EUA como maior potência tem um potencial enorme, passou por muitas dificuldades por problemas políticos em sua confederação, mas mesmo assim não deixou o topo da América, para os próximos anos devemos esperar um EUA bem mais forte, porém por la no momento so temos grandes nomes no masculino.Se olharmos imparcialmente, veremos que para conquistar o titulo por equipes do ano passado 2008, foi o ano que mais deu trabalho, quando antes ganhavamos com uma certa folga, desta vez tivemos uma grande pressao do Equador e Argentina, Inclusive tendo uma atleta Argentina chegando a apenas 4 segundos da nossa campeao Larissa Lellys e tendo um Argentino ficando com o vice- campeonato, coisa totalmente fora do normal e resultado do grande investimento da Argentina nos ultimos anos. Equanto os outros crescem creio que o Brasil deu uma parada, conseguiu ter uma atleta campea Pan americana, mas ao mesmo tempo deixou de ser campeao sul americano junior feminino e musculino, inclusive no masculino sem representantes. Para 2009 devemos recuperar estes status com o desvio de foco das Olimpiados e investimento maior no desenvolvimento dos atletas na base, como é uma proposta do presidente da CBPM.

GC: Quanto aos europeuis, principais nomes da modalidade, ainda estamos um pouco distantes. O que falta para o Brasil ter uma performance que se equivala com os principais nomes da modalidade?
MC: Infelizmente ainda estamos bastante distante sim, o maior problema é por algumas modalidades do Pentatlo moderno,serem esporte totalmente fora da realidade brasileira, enquanto na Europa são esportes não tão incomuns, esgrima por la se aprende na escola, o nivel social e financeiro é bem maior, a cultura de incentivo ao esporte ja existe há décadas, atletas são valorizados pela sociedade, atletas por la apenas treinam; enquanto no Brasil a grande maioria tem que se preocupar primeiro em sobreviver, ter dinheiro para a alimentaçao, transporte, trabalhar para sustentar a família e junto a isso ainda ter a preocupaçao de treinar;Existem centros de treinamentos multiesportivos e totalmente equipados em cada país. Creio que o Brasil está caminhando corretamente, a Confederaçao Brasileira de Pentatlo Moderno tem apenas 7 anos enquanto as Europeias ja existem há bem mais tempo. O que temos que desenvolver mesmo é a visão que o esporte é um grande instrumento para a transformaçao de pessoas comuns em cidadoes e possivelmente também grandes atletas, as empresas ver no esporte uma grande ferramenta de valorização da sua marca, investindo no desenvolvimento e patrocinando atletas e equipes, não apenas no futebol, mas em todos os esportes.

GC: Yane Marques vem conquistando grandes resultados rescentemente, campeã pan-americana, foi bem na olimpíada, finalista do mundial. No masculino, você, o Wagner, o Daniel e outros estão na luta. O que falta para o masculino ter os mesmos resultados do feminino?
MC: Sim... Yane realmente é um grande talento e tem conquistado grandes resultados. O que acontece e que o público em geral nao vê é que o masculino no mundo e também na América tem um nivel tecnico e número de praticantes dezenas de vezes maior que no feminino, nossos atletas homens nao estão atrás em nada do nível técnico feminino, muito pelo contrário... Se o nível no masculino no mundo é maior, consequentimento para conseguirmos resultados sera bem mais difícil, temos que treinar muito mais que as mulheres, temos que ter uma atenção maior dos dirigentes, para vencer esta barreira gigante que é ficarmos no nível Europeu. Humanamente falando nao temos nada de inferior a eles, o que temos de inferior é a estrutura. No Brasil a Yane conseguiu atualmente apenas treina, enquanto Wagner romao, Daniel tem que trabalhar o dia todo e nas horas vagas treinar Pentatlo Moderno

GC: Você é o dono da comunidade Pentatlo Moderno Pernambuco, suponho que você seja de lá. A Yane é de lá e aparentemente o estado é o centro do Pentatlo no Brasil. O que tem de diferencial lá que Pernambuco tanto se destaca no pentatlo nacional?
MC: Sim... sou de Pernambuco treino e moro aqui.O diferencial de Pernambuco foi que a nossa federação foi muito bem estruturada e organizada na sua criação. Quem implatou o Pentatlo Moderno foi o Major Alexandre França, com sua grande habilidade organizacional ele fez tudo de uma forma que nao faltasse estrutura de treino para os atletas. Atualmente ele mora no Rio Grande do sul, mas continua sendo o técnico principal da equipe de Pernambuco. Ele é um apaixonado por Pentatlo Moderno e onde chega deixa sua semente, foi assim na AMAN academia militar das Agulhas Negras onde ele reergueu a equipe de pentatlo moderno e será assim em sua nova cidade Porto Alegre.A equipe de Pernambuco tem um clube onde pode treinar os cinco esportes, existe uma coordenaçao tecnica, existe um tecnico geral e especifico de cada esporte. Os atletas treinam juntos na maioria das sessões de treino, existem biatlos( nataçao e corrida , para seleçao de novos atletas). Atualmente dos 6 atletas que fazem parte da equipe permanente, 4 são de Pernambuco.Com uma federação que funciona, atletas e técnicos engajados, não tem dar errado.

GC: Você ficou de fora do Pan do Rio, mas você esteve lá acompanhando as provas. Sentiu muita vontade de estar competindo?
MC: Nossa, nem me fale, no ano anterior 2006 estava muito bem no raking, mas talvez por falta de experiência tanto pessoal como no esporte, e por problemas de falta de apoio financeiro na epoca,fui deixando escapar, caindo de posição no raking. Durante o PAN como eu nao ia competir, eu trabalhei na organizaça do Pentatlo Moderno, mas quando via a prova a unica coisa que passava na minha cabeça era a vontade de estar ali competindo e colocava na cabeça que não ia deixar escapar novamnete.

GC: Para o fim do ano, UIPM - União Internacional de Pentatlo Moderno, decidiu modificar as regras do Pentatlo Moderno para torná-lo mais vibrante para os espectadores. A prova de tiro, que abre a modalidade, passou a ser a última e integrada com a corrida. O que você achou desta idéia?
MC: Nossa! Não apenas eu, mas a maioria dos atletas não achou nada interessante! A UIPM fez isto com uma boa intenção, espero que realmente fique mais atrativo para os espectadores, realmente a prova de tiro no formato antigo não era das mais atrativas, mas da forma como foi modificada descaracterizou totalmente e temos que aprender a atirar de outra forma. Esta mudança faz com que os treinadores mudem bastante o tipo e treinamento aplicado.Antes a corrida era 3000 metros agora são 3 vezes de 1000 metros o tiro era totalmente silêncio e concentração, agora temos que atirar cansados com a frequência a 1000 por hora e num ambiente aberto, com ação do vento e torcida gritando! Vai ser difícil de treinar isso, mas estou ansioso para ver e fazer.

GC: Quando começou no pentatlo? Qual que foi sua inspiração?
MC: Comecei em 2003 com a abertura da federaçao Pernambucana, começamos todos juntos; Yane, Eu, Larissa Lellys, Paula Souza, Priscila iniciou em 2005.Para falar a verdade eu não tinha inspiração nenhuma, para mim o Pentatlo Moderno até então era um esporte quase que totalmente desconhecido, ja tinha ouvido falar, mas não sabia nada. Eu apenas fazia natação sem muitas intenções, assim como os outros atletas. E pretendia começar a fazer Triatlon, quando surgiu a oportunidade de fazer Pentatlo Moderno, entao abracei a ideia e deu certo. Hoje em dia nao me vejo fazendo outra coisa.

GC: O hipismo do pentatlo tem os cavalos sorteados e isso acabou atrapalhando nossa Yane em Pequim, que estava entre as 6 primeiras colocadas e despencou na classificação. O que você acha dos cavalos na competição serem sorteados ao invés de cada atletas possuir o seu?
MC: Realmente é uma difilculdade que o esporte impoe, mas isto tambem é o que da graça, pois é inserido o aspecto da surpresa, superaçao e versatilidade do atleta de Pentatlo Moderno como por vezes a sorte. Enquanto os atletas de Hipismo tem seu cavalo, treinam com ele todos os dias, conhece cada movimento. O atleta de Pentatlo Moderno tem q fazer isto em 20min e ja entrar na prova.

GC: Quantas horas diárias de treinamento você faz? Como você divide os horários em cinco categorias diferentes?
MC: treino em media 7 horas por dia. Diferente do que muitas pessoas podem pensar, nao treinamos os cinco esportes todos os dias, treinamos em media 3 esportes por dia, e ainda tem umas sessoes de musculaçao e fisioterapia.Normalmente treino corrida pela manha bem cedinho 6:00 as 8:30, depois hipismo as 9:00 a 10:30 tarde nataçao as 14:30 as 16:30 e por ultimo esgrima. Ai a noite ainda tem faculdade. Estes horarios mudam de acordo com o dia da semana, ainda tem o treinamento de tiro que pode ser trocado pela equitaçao e em outros dias tem as sessoes de musculaçao tambem.

GC: Quais são seus planos dentro do esporte para 2009? E no ciclo olímpico, você sonha com as olimpíadas de 2012?
MC: Meus planos para 2009 sao de me recuperar totalmente no esporte, visto que em 2008 praticamento não treinei. No final de 2007 dia 27/12/2007 sofri um acidente de moto, onde fraturei a clavicula em 3 lugares e sofri vários ferimentos pelo corpo, com isto fiquei uma semana internado e mais 3 meses e meio sem treinar, quando recebi alta voltei a treinar e 1 mâs depois tive que parar novamente, pois por sequela de uma pancada no calcanhar no momento do acidente, eu contrai uma FASCIITE plantar, que é uma inflamaçao no tendão plantar do pé, me deixando mais tempo de molho, do que o próprio acidente, foram 4 meses sem treino. Agora já recuperado quero ter um 2009 de recuperaçao no esporte e minha unica meta neste ciclo olimpico é chegar aos jogos olimpicos de 2012, nao quero deixar escapar desta vez.

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