Um dos leitores do blog me mandou uma série de textos sobre como poderiam ser as transmissões de TV e eu os editei e coloquei opiniões minhas sobre o assunto, tão importante para as modalidades esportivas.
Para começar, gostaria de mostrar minha indignação com os campeonatos mundiais de basquete, em 2006, e de futsal, esse ano, que deixou com que a Globo mandasse nos horários das partidas para essas serem transmitidas, o que com certeza tirou boa parte do público das partidas.
No mundial de basquete de 2006, no Ibirapuera e em Barueri( O maracanãzinho ficaria pronto para o torneio mas acabou passando do prazo) todos os jogos do Brasil foram disputados as 15h45, horário excelente pois a maior rede de televisão do Brasil apenas trocava sua Sessão da Tarde pelo jogo. O público, que trabalha todos os dias, pouco compareceu ao Ibirapuera, mesmo nas semi finais diante da Austrália,em que o estádio só foi encher no segundo tempo.
Nesse ano, no mundial de futsal, todas as partidas disputadas pela manhã, e as do Brasil ás 10h30, horário em que a maior parte do público está no serviço.
A televisão aberta deve ter o papel fundamental na popularização e criação de ídolos das diversas modalidades , como ocorre no Futebol ; visto que só as classes sociais mais altas têm acesso a televisão por assinatura. Atualmente há uma elitização dos esportes olímpicos pela mídia brasileira , visto que estão restritos à televisão por assinatura ; inacessível a 95 % da população do país. Pergunto , excluindo os Jogos Olímpicos que só se realizam a cada quatro anos , quando as maiores competições das modalidades olímpicas mais tradicionais são transmitidas para o Brasil ?
Portanto fica evidente que há um lapso de quatro anos , entre cada Olimpíada , fato que elitiza cada vez mais o esporte olímpico e amador no país , além de prestar um deserviço no que
se refere a criação de ídolos esportivos entre os jovens. Por estes motivos e já que as redes privadas de televisão aberta são reféns de contratos publicitários e de grades de programação ; quero apresentar aqui uma proposta para o esporte olímpico ter seu espaço de vez na televisão brasileira:
A transmissão pela TVE/Televisão Educativa ( que é a televisão pública brasileira ) das grandes competições das modalidades olímpicas mais tradicionais ; assim como acontece em
países como Cuba , China , Espanha e Portugal , onde a televisão estatal também faz a cobertura e transmissão de grandes eventos esportivos. Com o patrocínio das empresas estatais patrocinadoras destas modalidades ( Caixa, Correios, Eletrobrás, etc... ) e com a criação de um fundo proveniente de uma porcentagem das verbas da Lei Agnelo/Piva ; destinado exclusivamente para a compra dos direitos de transmissão das grandes competições das modalidades olímpicas mais tradicionais. Se os países citados utilizam suas televisões estatais para a transmissão de grandes eventos esportivos , porque a televisão pública brasileira também não pode ser utilizada para este fim ?
Vários atletas de destaque em nosso país já declararam que se iniciaram em suas modalidades , após assistir seus ídolos conquistarem medalhas nos Jogos Olímpicos.
Entre as crianças e adolescentes não é diferente ! Veja que muitas vezes inspirados em grandes nomes de outras nacionalidades , cito dois exemplos: - O garoto Maurício Torres ; promessa da natação brasileira ; já declarou em entrevistas que iniciou na natação após assistir seu ídolo ; o fenômeno norte-americano Michael Phelps; conquistar oito medalhas nos Jogos Olímpicos de Atenas. - André Domingos ; duas vezes medalhista olímpico no revezamento 4 x 100 m ; já declarou em entrevistas que se iniciou no atletismo inspirado em seu ídolo ; o mito e multi-campeão olímpico , o norte-americano Carl Lewis. Ocorre que intercalando-se com os Jogos Olímpicos as principais modalidades olímpicas realizam suas maiores competições ; as quais no Brasil são desprezadas e não transmitidas pelas redes privadas de televisão aberta. Competições estas que os grandes ídolos do esporte mundial participam mas que no Brasil a grande maioria da população fica privada de assistir , por só serem transmitidas através da televisão por assinatura.
Pergunto então ; quantas crianças e adolescentes brasileiros as emissoras de televisão aberta deixam de inspirar ; para que se iniciem nos esportes olímpicos ?
A alternativa propriamente dita: Como abordado em e-mail anteriormente enviado , não é responsabilidade das emissoras privadas mas sim incumbência do estado , realizar a transmissão dos grandes eventos esportivos e divulgar o desporto olímpico ; através de seus veículos de comunicação ! Ocorre que com o advento da televisão digital no Brasil , os canais 60 a 69 da faixa de UHF estarão disponíveis para as emissoras públicas: ( * 1º parágrafo ) (Clique para ver)
Por estes motivos apresento aqui duas propostas para o esporte olímpico ter seu espaço de
vez na televisão brasileira:
1ª ) A proposta original: Transmissão pela TVE/Televisão Educativa das grandes competições das modalidades olímpicas mais tradicionais ; assim como acontece em países como Cuba , China , Espanha e Portugal , onde a televisão estatal também faz a cobertura e transmissão de grandes eventos esportivos. 2ª ) Criação de um canal esportivo na rede pública utilizando-se um dos canais disponíveis para as emissoras públicas ( 60 a 69 da faixa de UHF ) .
Poderia denominar-se o Canal de Esporte e sua criação seria o grande boom do esporte olímpico no país ! Se desde 1990 existe a MTV/Music Television , canal especializado em música que opera no sistema UHF ; porque o esporte não pode ter um canal de televisão aberta ?
Pois na Espanha a rede estatal ( TVE/Televisón Española ) disponibiliza um canal esportivo
com 24 horas de programação ao dia ; o Teledeporte. O canal temático é aberto e inteiramente gratuito e já opera em TDT / Televisão Digital Terrestre: (Clique para ver)
horários. Outro dia mesmo, a Globo mandou atrasar em meia hora a largada da STOCK CAR, em função do fim da transmissão de um jogo de volei de praia. Um absurdo.
A idéia de tirar fundos da Lei Piva para transmissão de eventos é excelente e foi feita pelo nosso leitor do blog. Afinal, é mais importante apostarmos na divulgação do esporte do que no investimento direto propriamente no esporte. Essa porcentagem da lei Piva seria discutida, mas uma parcela poderia muito bem ser investida na TV estatal esportiva.
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