O tênis brasileiro vinha cometendo muitas "duplas faltas", "erros não forçados", "levando aces" e estava ladeira abaixo. No fim do ano passado, as coisas começaram a mudar para melhor e no fim deste ano é capaz de termos três atletas entre os 100 melhores do mundo, além de uma dupla tupiniquim figurar entre as oito melhores do mundo.
O tênis era um esporte pouco conhecido no Brasil, quando Guga surgiu, venceu três Roland Garros, levou, ao lado de Fernando Meligeni, o país até as semi finais da Copa Davis, trouxe novamente um ATP para o país e surgiram novas promessas. Após a queda do melhor tenista da história do país, essas promessas foram se apagando uma a uma, como aconteceu com Flavio Saretta, Alexandre Simoni, Ricardo Mello e muitos outros. Os torneios futures e chalengers foram diminuindo depois do "boom" da era Guga e o esporte estava voltando a estaca "Pré- Guga". A briga entre jogadores e CBT levaram o time até a terceira divisão da Davis e o Brasil ficou quase dois anos sem um TOP- 100.
A partir do fim do ano passado, as coisas começaram a mudar. Marcos Daniel conseguiu resultados espetaculares na Copa Petrobrás, conjunto de torneios de médio porte pela América do Sul, aos moldes da antiga Copa Ericson, e voltou ao top 100 mundial por algumas semanas, terminando 2007 em 118º.
Naquele momento, o país tinha apenas seis atletas entre os 200 melhores do mundo, sendo nenhum deles entre os 100. A dupla brasileira, Marcelo Melo e André Sá, estava abalada pelo dopping de Marcelo, depois de terem conseguido ir até as semi finais de Winbledon. Nossas promessas Thomaz Belucci, Franco Ferreiro, Rogério Silva e Ricardo Hocevar tinham tido um bom ano e teriam que confirmar o bom desempenho em 2008 para provarem que não eram apenas promessas. Era o momento decisivo do tênis brasileiro.
E o ano começou com Ricardo Mello voltando a jogar bem, indo até as semi finais do chalenger de Miami, com o título de Marcelo Melo nas duplas no primeiro ATP do ano, com Thiago Alves, ex top- 100, vencendo o chalenger de São Paulo, com Ricardo Hoocevar vencendo três futures seguidos. Posteriormente, Belucci conseguiu resultados impressionantes que o deixou entre os 100 melhores do mundo e no mês de abril o panorama brasileiro era outro.
Dia 21 de abril, após o término do chalenger de Florianópolis, já eram oito entre os 300 melhores, com Daniel top-100, Franco Ferreiro e Ricardo Mello ganhando mais de 20 posições no ranking em uma semana, e estaria por vir uma quantidade de torneios no Brasil gigantesca para que nossos tenistas conseguissem pontos preciosos no ranking mundial.Nos Grand slams de Roland Garros, Winbledon e US Open, vimos Thomaz Belucci jogar muito bem com Nadal e Thiago Alves conseguir jogar de igual para igual com Roger Federer, além de assistirmos vitórias de Marcos Daniel e Thiago Alves. A dupla brasileira Marcelo Melo e André Sá ia de vento em polpa, com boas campanhas em torneios ATP e o sonho de jogar o master no fim do ano começando a ficar cada vez mais perto.
"Agora, os tenistas brasileiros não tem mais desculpas" Resumiu o comentarista do SPORTV Dácio Campos, referindo aos 23 futures já realizados no Brasil neste ano, somados ao ATP da Costa do Sauípe e de outros seis chalengers. Ainda estão programados até o final do ano mais 12 torneios da linha future, o que pode dar mais e mais pontos aos tenistas brasileiros no ranking mundial, visando a participação em torneios mais importantes na próxima temporada.
Na semana passada, Marcos Daniel apareceu na posição número 61 do mundo, o melhor ranking entre os brasileiros nos últimos três anos. E ele poderia estar ainda melhor, caso não tivesse torcido o pé na primeira rodada da etapa brasileira da Copa Petrobrás.
Em uma estratégia diferente, jogando mais frequentemente os ATPs, Thomaz Belucci está na posição número 81 do mundo e diz que no momento não está se importando com o ranking e sim em ganhar experiência em torneios maiores.
Thiago Alves está muito próximo do top-100. Depois de ser número 95 em 2006, teve dois anos apagados e voltou bem em janeiro quando venceu o Aberto de São Paulo. Em um ano ainda pouco regular, conseguiu chegar ao número 113 e pode terminar a temporada entre os 100 melhores.
Os jovens Franco Ferreiro e Ricardo Hocevar tiveram uma temporada boa, em que se firmaram como boas surpresas, mas precisam em 2009 jogar um pouco melhor para finalmente chegarem ao top 100. Atualmente, Ferreiro, que é promessa há cerca de três anos, é o número 151( seu melhor é 136, em agosto deste ano) enquanto Hocevar é número 179, caindo duas posições em relação semana passada, quando alcançou seu melhor ranqueamento. Ricardo Mello, que já foi número 50 do mundo, é atualmente o 189 e lutará para voltar ao top 100 ano que vem.
Nossos top 300 são completados por André Ghem, João "Feijão", André Miele, Caio Zampieri, Daniel Silva e Rogério Dutra, completando 11 atletas entre os 300 melhores do mundo.
Feijão chegou a sonhar com o top 100 ainda nesta temporada, quando em abril ganhou muitos pontos e chegou ao posto de número 208. Atualemente é 220º, 10 posições atrás de André Ghem, que há dois anos não consegue sair desta zona de 180 á 300 do mundo.
André Miele é a maior novidade, esse ano vencendo três futures, chegando á semi final de um chalenger e subindo quase 200 posições somente este ano, parando em 242 nesta semana.
Daniel Silva e Rogério Dutra vivem situações parecidas, não conseguindo encaixar uma série de torneios bons e ficando em 2678 e 268 respectivamente na última semana. Situação parecida com a de Caio Zampieri, que atualmente é o número 246 do mundo.
Nas duplas, estamos muito bem representados. Além de Marcelo Melo e André Sá estarem entre as oito melhores do mundo, temos Bruno Soares, que jogando ao lado de parceiros estrangeiros, conseguiu uma semi final em Roland Garros, oitavas de finais em Winbledon e atualmente é número 32 do ranking "individual" de duplas, que soma pontos para o jogador e não para a dupla.
Na Copa Davis, o Brasil infelizmente não conseguiu a vaga para o grupo mundial, mas mostrou muita força diante dos croatas, campeões em 2005, na casa do adversário, no piso de carpete. O único ponto marcado pelos brasileiros veio nas duplas, mas os simplistas Thiago Alves e Thomaz Belucci conseguiram chegar á 11 tie breakes. O que faltou foi poder de definição, visto que o time perdeu 10 destes desempates.
O tênis feminino está caminhando para trás, infelizmente. Na Federation Cup, o Brasil segue no zonal americano, sem conseguir classificação para o grupo mundial II e mais longe ainda da primeira briga pela primeira divisão.
Atualmente, a cada semana que passa as brasileiras se alternam na primeira posição entre as atletas do país no ranking mundial. Mas isto, que poderia ser uma boa notícia, é horrível, pois as brasileiras estão despencando e atualmente a primeira colocada é Vivian Segnini.
Uma semana após Roxane Vaisemberg garantir a condição de melhor tenista do país, nesta segunda-feira foi a vez de Vivian Segnini assumir o posto, mesmo sem grandes campanhas nas últimas semanas. A nova líder das brasileiras é apenas a 338º colocada do ranking mundial.Na última semana, por exemplo, Segnini foi eliminada na primeira rodada do torneio de Juarez, no México.
No ano, tem um título e três vices em futures como melhores campanhas. Já Vaisemberg, outra eliminada na estréia no México, passou do 318º ao 343º lugar e é a segunda do país, à frente de Maria Fernanda Alves, 358ª. Ainda se recuperando de lesão, Teliana Pereira segue perdendo espaço e terá de jogar bem para tentar voltar ao top 200. Ela é hoje a 379ª na WTA. Campeã na semana passada do future de Curitiba, Fernanda Hermegildo aparece em 503º, mas deve subir na próxima segunda-feira. Uma pena.
Agora é o Brasil conseguir manter essa evolução e número de torneios do país e consiga manter quase que toda semana um evento valendo pontos pela ATP em nosso território. Nesta semana, por exemplo, temos o chalenger de Florianópolis(o segundo na temporada), o future de Uberaba além de mais uma etapa da Copa Petrobrás, desta vez em Assunção, no Paraguai. Os brasileiros estão aproveitando esses torneios e ganhando pontos no ranking mundial.
Quem sabe não terminemos o ano com uma dupla no masters, entre as oito do mundo, três atletas entre os 100 melhores e 15 na margem dos 300. O tênis está voltando a dar seus Aces, winners de devolução, lobbes e voleios. Ao contrário dos anos anteriores, como diz o começo da matéria.
Ah, para que não leu ainda o livro "Aqui tem", de André Kfouri sobre Fernando Meligeni não sabe o que está perdendo! Vale a pena conferir!
Olá Guilherme. Parabéns por continuar o trabalho de divulgação do esporte olímpico. Eu continuo com o blog Brasil Olímpico: www.brasilnaolimpiada.blogspot.com,
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Obrigado
Putz excelente trabalho Guilherme, deu pra atualizar e aprender um pouco mais da "nova geração" do tênis nacional.
ResponderExcluirAbraço
Ricardo