sábado, 27 de setembro de 2008

A farsa de Atlanta 1996

Nas Olimpíadas de Los Angeles em 1984, os norte-americanos deram um show e mostraram ao mundo como fazer muito dinheiro com uma edição de Jogos Olímpicos. 12 anos mais tarde, os Jogos voltarão á terra Yankee e eles ensinaram o que não se deve fazer com ele, com uma péssima organização, com direito até um atentado que matou uma pessoa em um parque da cidade sede, Atlanta, durante os Jogos.

A escolha da sede da olimpíada do centenário é questionada por muitos, inclusive por mim, até hoje. A cidade favorita para ganhar a sede era, obviamente, a capital da Grécia, Atenas, berço dos Jogos Olímpicos e que havia sediado uma edição do evento, em 1896, e tinha tudo para 100 anos mais tarde voltar a ter esta honra. Porém, na eleição, foi surpreendida por Atlanta e teve de esperar a primeira olimpíada do novo milênio para sediar o evento.

A impatia pela escolha foi tão grande que os gregos, tradicionalmente primeiros a desfilar na abertura, fizeram questão de ser apenas mais um país na abertura de Atlanta, se encaixando na letra G do alfabeto.

A iniciativa privada injetou bilhões de dólares na candidatura de Atlanta, o que facilitou a vida da cidade para ganhar a chance de ser sede. Os grandes patrocínios norte-americanos _cerca de US$ 40 bilhões_ foram fundamentais para a definição. A exploração comercial, o merchandising, os patrocínios e os contratos de TV chegaram ao ponto de o presidente do COI (Comitê Olímpico Internacional), Juan Antonio Samaranch, pedir na cerimônia de encerramento que a preocupação com os lucros não tome conta dos Jogos.

Vale lembrar que a cidade americana é sede da Coca Cola, patrocinadora oficial do torneio, e da CNN, uma das grandes TVs norte americanas, que têm um poder tão grande que fizeram mudar os horários das provas de natação para Pequim, com as finais pela manhã no horário local.
Acusações de suborno aos membros do COI foram inclusive veiculadas, sem provas. O Comitê Olímpico justificou sua escolha pelo fato de que acreditavam que a Grécia não teria condições de organizar os Jogos em prazo tão curto, por falta de infraestrutura. De toda maneira, ficou na comunidade atlética e na opinião pública internacional a impressão de serem estes Jogos realizados pelo peso do poder financeiro e super comercializados, o que lhes deu uma áurea de antipatia.

O que se viu nos Jogos de Atlanta foi uma luta ao máximo para se lucrar com tudo no evento, fazendo com que no discurso na cerimônia de encerramento, o então presidente do COI Juan Antonio Samaranch pedisse que a preocupação com os lucros não tome conta dos Jogos.
Como Maurício Cardoso conta em seu livro Os Arquivos das Olimpíadas , os americanos achavam que organizar uma olimpíada se trata apenas de um evento comercial. Um caso lembrado pelo autor foi da costa riquenha Cláudia Poll, que teve sua medalha de ouro prestes a ser caçada pelo fato dela usar uma toca com o logotipo da Pepsi. Talvez se este fosse da Coca Cola, sua trangressão não gerasse tanta indignação.

Os americanos, que de diziam tão superiores aos gregos, fizeram a mais desorganizada olimpíada dos últimos tempos, diferente do que foi em Atenas, onde tivémos poucos problemas. Poderíamos ter tido um centenário mais feliz para o evento poli desportivo mais importante do planeta.

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