quinta-feira, 19 de abril de 2012

Passaporte carimbado


Na série "Passaporte carimbado" de hoje, matéria com Joanna Maranhão. Entrevista foi feita via e-mail, semana passada.

Ela é a nadadora mais completa da história do Brasil.É recordista brasileira dos 200m e 400m medley, 800m livre, dos 200m borboleta e revezamento 4x200. Em piscina curta, detém também o recorde brasileiro dos 200m costas. Ou seja, o único estilo que não tem nenhum recorde nacional é o do peito, que já foi uma de suas especialidades no começo da carreira, disputou os 200m peito no Pan de 2003, por exemplo.

Apesar de tanta versatilidade, sabe que suas provas serão """apenas"" três: "Em Londres o meu foco são nas duas de medley: 200 e 400 e nos 200 borbo, as provas de crawl eu nado mais no Brasil por diversão e pontuação de clubes"

Sua principal chance de chegar a uma final em Londres é os 400m medley, prova que chegou a anunciar que nunca mais nadaria, no início do ano passado. Mas aí veio a prata no Pan com um ótimo tempo, índice olímpico e aí a ideia foi esquecida. E ela explica o porquê: "Foi a Rosane(sua técnica) que me fez mudar de ideia, foi passando as séries e transições e vi que não era nenhum bicho de sete cabeças"

Para repetir a final alcançada em Atenas, há oito anos, Joanna precisa nadar na casa dos 4min37s mais ou menos, marca que nunca alcançou: "Sei que preciso fazer o melhor 400m medley da minha vida" garantiu ela, que tem como melhor tempo da vida o 4m40s00 que fez na Olimpíada de 2004.

Mas como melhorar tanto se no Brasil ninguém nem chega perto dela? É difícil você ver em competições nacionais outras atletas nadando abaixo dos cinco minutos. Isso mesmo, se a Joanna nadar sério, ela chega 20s a frente da segunda colocada. Problema que há alguns anos ela não tinha: " A Georgina(argentina medalhista olímpica em 2004) estava sempre ali, na época que ela nadava as competições brasileiras. Hoje, percebi que meu papel é competir contra o relógio aqui no Brasil e contra as adversárias lá fora".

Nos 200m borboleta e 200m medley, ela nada para tentar uma vaga na semifinal, entre as 16 melhores. Uma final está um pouco distante. Mesmo assim, Joanna adora o "borbô": "Amo os 200 borboleta, adoro séries de borbo desafiadoras no treino, me sinto bem nadando, mas não nado ela há muitos anos como acontece nas provas de medley então me falta um pouco de experiência".

Joanna mostrou muita força na Olimpíada de Atenas, aos 17 anos. Foi finalista olímpica nos 400m medley e revezamento 4x200m livre, além de ter chegado à semifinal dos 200m medley. Em Pequim, ainda se recuperava de uma série de maus resultados e de problemas extra-piscina nos anos anteriores e por isso não repetiu o feito. Em sua terceira olimpíada está mais experiente e confiante.

Falar em medalha é utopia. Mas não duvido que fique entre as oito primeiras e seja a segunda brasileira a nadar em três finais olímpicas, a primeira foi Piedade Coutinho.

Ela não é tão "lendária" quanto Maria Lenk e Piedade Coutinho, nem chegou tão perto da medalha olímpica como Ana Marcela e Poliana Okimoto, tão pouco tem o mesmo status de ""musa"" de Flavia Delaroli, muito menos tão ""política"" quanto Patricia Amorim, mas com certeza é a nadadora mais completa da história da natação brasileira.

A série Passaporte Carimbado falará das chances de cada um dos brasileiros que vão a Londres. Objetivo é chegar aos Jogos Olímpicos tendo entrevistado TODOS os brasileiros de provas individuais e uma boa parte dos esportes coletivos.

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