quarta-feira, 18 de abril de 2012
Passaporte carimbado
Hoje tem início a série "Passaporte Carimbado" que, até o início dos Jogos, irá contar a expectativa de todos brasileiros que vão a Londres.
E os primeiros da série não poderiam ser outros. A dupla Robert Scheidt e Bruno Prada, campeões mundiais da classe Star da vela e favoritos ao ouro em Londres. Conversei com eles na última quinta-feira, no Yatch Club Santo Amaro, após a entrevista coletiva que deram.
Robert Scheidt é o líder dentro do barco, toma todas as decisões durante a regata, para que lado ir, que caminho seguir, que estratégia fazer. Mas, é Bruno Prada que acompanha mais de perto números e estatísticas, tanto da dupla como dos rivais.
"Pela primeira vez na história, um velejador ou uma dupla de velejadores tem em seus sete resultados válidos pelo ranking mundial, sete títulos" foi assim que Bruno abriu a coletiva, se referindo ao ranking mundial da ISAF, que leva em conta os sete melhores resultados de cada embarcação nos últimos dois anos. E quem descobriu a informação foi o próprio Bruno, não foi nenhum jornalista, fã ou rival.
Quando, ainda na coletiva, Robert Scheidt foi perguntado sobre como acompanha os resultados e performances dos rivais britânicos, atuais campeões olímpicos Ian Percy e Andrew Simpson, ele olhou para o Bruno e disse: "Você pode falar melhor que eu". E Bruno explicou tudo.
Robert e Bruno, parceria consolidada há sete anos mas que começou ainda quando Robert disputava a laser, em 2002, é perfeita. Aos que acham que Robert Scheidt veleja "sozinho", acreditem, Bruno Prada é tão essencial quanto Robert no barco.
A dupla está invicta há quase um ano no Circuito Mundial. Nesse período, ganharam o Campeonato Mundial, o evento teste de Londres, disputado no mesmo local e com mesmo clima que teremos na Olimpíada, além das Copas do Mundo da França, Holanda, Miami e por fim, da Espanha, há duas semanas.
O segredo da dupla é a regularidade. Muitas vezes, passam o Campeonato inteiro ganhando apenas uma regata, mas chegando todas as outras entre os cinco primeiros.Na vela isso é essencial e bem mais importante do que vencer quatro regatas e depois ficar em vigésimo em outras três.
"A gente é muito regular por dois motivos. O primeiro é nossa velocidade do barco, sempre muito alta. O segundo é que, por essa velocidade, não precisamos arriscar tanto. Então não vamos buscar vento onde não temos certeza, então somos sempre constantes" disse Bruno.
Numa Regata de vela, quando o vento é muito fraco, a competição acaba nivelada por baixo. E é tudo que eles não querem, já que são, atualmente, os melhores do mundo. Mas também não fazem questão de muito vento: " O ideal seria um vento nem fraco nem forte" comentou Robert " Tem duplas especialistas em ventos fracos e outras em ventos fortes. A gente fica no meio termo" completou.
O importante é que em Weymouth, a princípio, tem a cara da dupla brasileira; "Em Pequim, o vento era muito fraco e demoramos para nos acostumar.Começamos mal e só com uma arrancada no fim fomos prata. Gosto mais do clima de Weymouth" garantiu Robert.
Em Londres, os campeões mundiais vão velejar com o barco PStar, o mesmo do título no último mundial. Na Copa do Mundo da Espanha, realizada há duas semanas, eles testaram um barco novo, o Follia. Apesar do título, o barco não agradou e eles vão mesmo a Londres com o Pstar.
Na minha opinião, Robert e Bruno são os maiores favoritos ao ouro entre os brasileiros. Mais até que Cesar Cielo nos 50m livre. O domínio nas últimas competições é impressionante. No mundial, venceram com folgas, no evento teste de Londres a vitória veio antes da Regata da Medalha. No Princesa Sofia, mesmo com barco novo, o título veio. Em todas as condições, eles estão a frente dos demais.
Mas, é sempre bom olhar os britânicos Ian Percy e Andrew Simpson. Estarão em casa, são os atuais campeões olímpicos e, no mundial do ano passado, estavam na liderança após seis regatas quando Percy se machucou e a dupla abandonou a competição na Austrália.
A Olimpíada deverá sim, ser uma briga direta pelo ouro, entre Brasil e Grã Bretanha. E eu aposto no Brasil.
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