Mundial de handebol

O que o Brasil está fazendo e ainda pode fazer no mundial de handebol é histórico. Nunca a seleção feminina, de qualquer idade, havia passado em primeiro numa chave num mundial(Uma seleção masculina juvenil passou em primeiro num grupo no mundial de 2009). Cinco jogos e cinco vitórias é uma campanha espetacular.

Duas dessas vitórias entram para a história. Uma pelo adversário, outra pela forma.

Depois de vitórias tranquilas contra Cuba e Japão, o Brasil pegou a França, vice campeã mundial em 2009, a quem o próprio Brasil vencera naquele mundial, também na primeira fase. A França dominou o primeiro tempo inteiro e terminou vencendo por 17 a 10.
Foi aí que entrou o dedo do técnico Mourtan Soubak, que é dinamarques. Vendo que nossa melhor jogadora de linha, a Duda, estava sendo marcada individualmente por uma das melhores jogadoras do mundo, percebeu que nossa armadora de mais de 1m90 não estava mais sendo útil no ataque. Sacou ela, colocou Silvia Helena. A tática deu certo, Silvia Helena entrou muito bem e confundiu toda defesa francesa, para desespero do técnico da equipe europeia, que antes da partida disse que precisaria jogar 80% para ganhar do Brasil.
A defesa fez um segundo tempo incrível, inclusive a Duda que só atuava atrás. Chana catou muito, mas a defesa foi muito sólida, o Brasil levou apenas cinco gols e venceu por 26 a 22.

Outro jogo histórico foi ontem, contra a Tunísia. Esse, infelizmente, não estava presente. O Brasil já estava classificado, então jogou com as reservas. Jogou mal. Ficou atrás boa parte do jogo. Faltando 35s, estava perdendo por um gol. No ataque, o Brasil empatou.
A Tunísia tinha a chance da vitória, que além de histórica, daria a vaga ao time para as oitavas-de-final. Como estava com uma jogadora a menos, tirou a goleira e colocou uma jogadora de linha. Fez o ataque e mandou para fora, faltando seis segundos.
Babi, nossa goleira, foi rápida, pegou a bola e arremessou no gol, sem goleira, da Tunísia. A bola caprichosamente entrou, faltando dois segundos. DOIS SEGUNDOS. E a regra não é que nem a do basquete, que bola no ar e o cronometro zerado vale. A bola teria de entrar antes do estouro. E entrou faltando menos de DOIS SEGUNDOS.

Agora, onde nossa seleção pode chegar? Digo que longe. No mínimo até a semifinal dá. Depois, só com outro jogo incrível como foi contra a França. Mas chegar entre as quatro primeiras dá.
Na segunda-feira, contra a Costa do Marfin será um jogo tranquilo pelas oitavas-de-final. A única equipe africana que faria frente ao Brasil seria a Angola. As marfinesas estão bem abaixo.

Nas quartas-de-final, viria um jogo duro mas "ganhável". Ou Espanha ou Montenegro, duas equipes que o Brasil venceu em amistosos no mês passado. Duas seleções europeias, que são fortes. Mas estão um nível abaixo das "Tops" como Rússia, Dinamarca e França. Dá para chegar na semi!

Aí, na semi, a coisa complicaria. Pode pegar a Noruega. Mas ainda assim, fugiria das duas melhores seleções, a Rússia, atual tricampeã, e da Dinamarca, que outro dia foi tricampeã olímpica.

Se a torcida entrar no jogo, o Brasil terá mais força ainda. Infelizmente, a torcida não tem empurrado tanto o time, ao menos nos jogos que eu fui. Gritos tímidos, apesar de quase 4000 vozes, e só quando está ganhando.
Me lembro do mundial de basquete, no mesmo Ibirapuera, em 2006, que a toricda jogava junto, principalmente na semi contra a Austrália. Pode ser outro ponto favorável ao Brasil.

Jogar em casa ajuda. Escolher o grupo, que nem o Brasil pôde fazer, ajuda também. Mas a verdade é que a seleção está jogando muito bem e tem todos os méritos, afinal venceu duas equipes europeias fortíssimas, a França e Romênia.

Dá para fazer ainda mais história.

Siga o blog no twitter: @brasilemlondres